WHEN THE LIGHTS ARE DOWN

Pervírgil e pragmático, Vincent seguia seu caminho, sempre solitário por uma simples questão de praticidade. Os passos rápidos, como de costume, enquanto as mãos dentro dos bolsos do sobretudo preto tocavam dois objetos. A direita envolvia com as pontas dos dedos a varinha, sempre pronto para pegá-la o mais rápido o possível e a esquerda deslizava os dedos contornando a forma circular do relógio de prata e os entalhes de alto relevo que o adornavam. O relógio de prata que carregava no bolso, fechado como um relicário, seu sensor de segredos, era levado consigo em qualquer ocasião. Hábito este provisionado por sua obsessão pela verdade e sua intolerância a qualquer tipo de mentira, mesmo as menores.
Dessa vez, Vincent não só havia cumprido seu horário de trabalho como também decidiu realizar a ronda noturna, chegando novamente ao ministério perto da meia noite na intenção de permanecer de plantão durante toda a madrugada à espera de qualquer manifestação mágica. Saiu apenas nas primeiras horas da noite para se alimentar e realizar sua higiene pessoal, além de mandar uma coruja para a filha, da qual sempre sentia saudade e retornou para o ministério.
Sua postura remetia a imagem de um corvo, pela escuridão de sua vestimenta e de seu caminhar silencioso, quase imperceptível apesar da ansiedade contida em cada passo. Tentava conter a própria agitação naquela noite de insônia aproveitando o tempo para se dedicar ao trabalho. Não encontrava nenhum dos colegas de trabalho mais próximos pelo caminho, o local parecia bem mais vazio àquela hora do que em seu expediente. Tanto que até os pergaminhos voadores eram poucos, tornando o ambiente um pouco mais taciturno, como aquele que caminhava para dentro do elevador. Seus olhos percorriam o ambiente buscando qualquer figura conhecida. Algumas até eram reconhecidas como familiares, podendo se tratar de possíveis funcionários, mas como era a primeira vez que trabalhava naquele horário, era compreensível que não conheceria a equipe presente. Apenas inclinando a cabeça para cumprimentar as poucas pessoas que passavam por ele, Vincent seguia para o 2º nível, onde se localizava o Quartel General dos Aurores , no qual passaria a noite trabalhando.